terça-feira, 16 de junho de 2015

Enquanto isso no mundo...

Para as comemorações do jubileu da escola, os professores e alunos organizaram banners que indicavam os principais eventos ocorridos durante o período da história da escola. Eles seguem abaixo:













 



O texto a seguir foi uma das tarefas da ONHB, assim como as imagens ao final deste.

Preconceito Religioso

Discutir religião ainda é um assunto sério na sociedade brasileira. Imagine o que poderia passar alguém que decidisse trocar de denominação religiosa a décadas atrás. A história de Delíria Duarte de Oliveira, 83 anos, ilustra bem essa situação.
A senhora Delíria mudou-se para Campo Bom, RS, no final dos anos 40. Aos 17 anos casou-se com Arnildo Duarte de Oliveira, 88 anos. Ambos eram fiéis católicos, que cediam a residência da família para celebração de missas. Batizaram todos os 12 filhos na comunhão católica.
Contudo, na década de 50, o marido começou a escutar um programa de rádio intitulado “A Voz da Profecia”, da Igreja Adventista do Sétimo Dia. O senhor Arnildo escutou o programa por 5 anos, e enviou correspondência pedindo mais informações acerca da denominação religiosa. Por fim, a família inteira converteu-se ao adventismo do sétimo dia, tornando-se uma dos primeiros conversos na cidade.
Como na cidade ainda não havia uma igreja, Delíria e Arnildo novamente cederam a residência e começaram ali a realizar cultos onde influenciaram outras pessoas a entrar para a Igreja Adventista.
Mas a nova fé trouxe obstáculos na convivência social. Delíria relata que muitos amigos e familiares afastaram-se em decorrência. Nos meses posteriores ao batismo, dois filhos do casal morreram e a vizinhança publicamente declarava que era uma maldição devida a mudança de religião. Os comentários foram tantos que eles chegaram a plantar bananeiras na divisa do terreno para as pessoas não olharem os momentos de cultos.
O senhor Arnildo que costumava fazer as compras do mês da família em um estabelecimento tradicional da cidade, recebeu a notícia do proprietário do comércio que não mais venderia a crédito para a família pelo fato de ele e a família terem se batizado em outra religião.
Esse preconceito manifestado contra a família da Dona Delíria, chega a ser contraditório, na cidade que possui a primeira Igreja Luterana do sul do Brasil. Por este fato, Campo Bom é pioneira do protestantismo no Brasil.
A liberdade de crer em que se quiser é uma premissa da Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu artigo 18º é expresso: “Toda a pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos.” Ou seja, é um direito fundamental de todo ser humano.
Nossa Constituição Cidadã também assegura esse direito ao afirmar no artigo 5º, inciso VI: “é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias”. Assim sendo, qualquer brasileiro tem o direito de crer e juntar-se a qualquer grupo religioso.
Comportamentos apresentados perante a família da senhora Delíria podem ser enquadrados como atitudes preconceituosas. Preconceito é uma palavra usada para representar a “não aceitação”. É não aceitar quem é diferente de nós. Não importa em que somos diferentes, temos de aceitá-las. Não importa qual religião seguimos ou se não seguimos nenhuma, precisamos preservar, respeitar e celebrar essa liberdade tão importante assegurada em nossa constituição. É ela que garante ser quem somos.